Como funciona o come-cotas em fundos de investimento? Saiba mais!

O Imposto de Renda (IR) incide de maneiras diferentes sobre os investimentos disponíveis no mercado. Em certos casos, ele é cobrado apenas no momento de resgatar os lucros, por exemplo. Já com os fundos de investimento, pode haver o come-cotas.


Apesar de essa ser uma cobrança a qual diversos fundos estão sujeitos, muitos investidores não compreendem exatamente como o come-cotas funciona. Mas saber as características desse custo pode ser importante para fazer investimentos mais estratégicos no mercado.


Se você quer saber mais sobre essa cobrança, continue a leitura. Neste conteúdo, será possível aprender o que é o come-cotas e como ele funciona!

O que é come-cotas e como ele funciona?

O come-cotas representa um mecanismo de antecipação do Imposto de Renda que incide sobre alguns tipos de fundos de investimento. Esse nome deriva do fato de o imposto ser cobrado diretamente na forma das cotas de participação do investidor.


A justificativa para a cobrança é não haver uma previsibilidade de quando o investidor fará o resgate do seu investimento. Portanto, o recolhimento antecipado do IR é uma ferramenta de arrecadação da União.


A cobrança acontece de maneira automática, em datas definidas previamente. Isso significa que o investidor não precisa fazer a emissão do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), que é comum em ativos de renda variável, por exemplo.


Contudo, é válido destacar que a ocorrência do come-cotas não dispensa a necessidade de incluir os fundos de investimento que contam com esse desconto no preenchimento do Imposto de Renda.

Qual é a alíquota desse imposto e quando ela é cobrada?

Agora que você entendeu o que é o come-cotas, é importante compreender como essa tributação acontece. A cobrança do imposto é feita duas vezes ao ano, sempre no último dia útil dos meses de maio e novembro.

A alíquota difere segundo o prazo do fundo, que pode ser de curto ou longo prazo. Os fundos de curto prazo são veículos com portfólio formados por títulos com vencimento em até 375 dias, enquanto os fundos de longo prazo superam esse período.

Nesse sentido, cada tipo de fundo possui uma tabela de IR para cobrança da taxa com base no momento do resgate. No caso de fundos de curto prazo, a alíquota é de 22,5%, para resgates em até 180 dias e de 20% após o período.

Para fundos de longo prazo a tabela é a seguinte:

  • até 180 dias: 22,5%;
  • de 181 a 360 dias: 20%;
  • 361 a 720 dias: 17,5%;
  • mais de 721 dias: 15%.


O come-cotas será cobrado pela menor alíquota para cada tipo de fundo. Então nos fundos de curto prazo ela será de 20% e nos de longo prazo, 15%.

É pertinente destacar que o recolhimento ocorre apenas sobre os lucros obtidos no período. Desse modo, o come-cotas não incide sobre todo o dinheiro que você investiu ou sobre os ganhos totais com o fundo.

Como funciona essa tributação na prática?

Para entender melhor como funciona a cobrança do come-cotas, vale a pena visualizar um exemplo.

Suponha que um investidor coloque R$ 20 mil em um fundo de investimento sujeito ao come-cotas, com uma alíquota de 20% devido ao seu perfil de curto prazo.

No momento do investimento, as cotas são negociadas a R$ 10, resultando em 2.000 cotas. Após um período de seis meses, o fundo teve valorização e as cotas subiram de preço, sendo negociadas a R$ 12 cada. O saldo do investidor agora é de R$ 24 mil.

Considerando o rendimento de R$ 4 mil, o imposto a ser cobrado será de R$ 800 (20% sobre os ganhos).
Com base no preço atual das cotas (R$ 12), o come-cotas retiraria cerca de 66 cotas do investidor.

Ao final da cobrança do come-cotas, o investidor ficaria com um saldo de R$ 23.200 e um total de 1.934 cotas. Convém ressaltar que, se as cotas tivessem um preço menor que R$ 10, não haveria incidência do come-cotas, já que o fundo não teria gerado rendimento tributável no período.

Quais fundos de investimento possuem essa tributação?

Como você viu, o come-cotas é uma cobrança que incide sobre fundos de investimento. No entanto, não são todos os veículos coletivos do mercado que lidam com ele. Essa antecipação do IR é válida apenas para:

  • fundos de renda fixa (como fundos referenciados DI);
  • fundos multimercado;
  • fundos cambiais.


Portanto, os veículos cujas cotas são negociadas na bolsa de valores, como fundos imobiliários (FIIs) e exchange traded funds (ETFs), não contam com essa incidência. Para eles, a incidência do IR acontece quando há ganho de capital na venda de cotas, com pagamento a partir do DARF — gerado pelo próprio investidor.

Os fundos de ações (FIAs) também não têm come-cotas. Nesse caso, há uma alíquota fixa de 15% sobre os rendimentos e o recolhimento ocorre diretamente na fonte, não sendo preciso emitir DARF.

É possível evitar o come-cotas?

A incidência do come-cotas pode afetar o potencial de retorno do seu investimento. Isso acontece porque ele reduz a sua quantidade de cotas, as quais poderiam continuar se valorizando se a tributação ocorresse apenas no resgate.

Com o tempo, o efeito dos juros compostos e da própria valorização do portfólio podem ser menores no seu patrimônio. Ademais, por esse ser um custo, o come-cotas impacta diretamente a sua rentabilidade líquida.

No entanto, não existem formas de evitar a cobrança dessa antecipação do IR se você investir em fundos sujeitos a ela. O come-cotas é uma obrigação fiscal e é aplicado de forma automática.

Sendo assim, uma alternativa para não lidar com essa cobrança é priorizar fundos que não contam com a incidência dele. Como você viu, fundos negociados na bolsa (FIIs e ETFs) e os FIAs cobram IR apenas sobre os rendimentos no resgate do investimento.

Também é possível reduzir a cobrança investindo em fundos de longo prazo, em que há alíquota de 15% — inferior aos 20% dos fundos de curto prazo. Ademais, você pode diversificar os investimentos e minimizar os impactos dessa antecipação.

Ao longo desta leitura, você entendeu o que é o come-cotas em fundos, quando ele é cobrado e quais são os impactos dele na sua rentabilidade. Com essas informações, fica mais fácil decidir se vale ou não a pena investir em veículos que têm essa cobrança.

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