Taxa de juros em alta nos EUA: entenda como esse movimento impacta seus investimentos

Os Estados Unidos são considerados a maior economia global, concentrando as maiores empresas e bolsas de valores do mundo. O que nem todos sabem é que a alta nos juros dos EUA pode afetar seus investimentos — sejam eles nacionais ou internacionais.

Afinal, as movimentações dos juros estadunidenses podem refletir na rentabilidade dos investimentos de renda fixa do país e na percepção dos riscos nos mercados globais. Portanto, é importante entender por que isso acontece e, sobretudo, como proteger seu patrimônio.

Pensando nisso, o time da Conexão BR Investimentos preparou este artigo explicando a alta na taxa de juros nos EUA e como esse movimento impacta seus investimentos.

Confira!

Como os EUA definem a sua taxa de juros?

Como acontece em diferentes economias mundiais, os Estados Unidos controlam suas taxas de juros por meio de uma autoridade monetária. Trata-se do Fed (Federal Reserve), um órgão que funciona como o Bacen (o Banco Central), no Brasil.

As decisões são tomadas a partir de um comitê chamado FOMC (Federal Open Market Committee). Esse colegiado se reúne 8 vezes por ano, em intervalos de 6 semanas. Nessas oportunidades é discutida a situação econômica dos EUA e, com base nisso, são definidos os juros.

Quais fatores levaram à alta da taxa de juros americana?

Desde a pandemia de Covid-19, no início de 2020, muitos países têm enfrentado dificuldades em conter a sua inflação. As incertezas do período causaram baixas nos mercados e fizeram com que diversas nações reduzissem os seus juros, para estimular suas economias.

Em março de 2020, o Fed diminuiu os juros para 0,25% ao ano, e manteve esse mesmo patamar por 2 anos. Além disso, ele implementou um programa de incentivo chamado QE (Quantitative Easing), que consiste na compra de títulos públicos para injetar dinheiro na economia.

Após atingir esse objetivo, o órgão iniciou o processo de “tapering”, que significa reduzir os estímulos econômicos e, consequentemente, aumentar os juros. Na ocasião, a atividade econômica se adaptava ao chamado “novo normal” no pós-pandemia, até que os mercados globais sofreram um novo revés — a guerra entre a Rússia e a Ucrânia em 2022.

O estabelecimento de sanções das nações ocidentais contra a Rússia, uma das maiores produtoras de petróleo do mundo, elevou a cotação da commodity. Essa situação teve um impacto negativo nas relações comerciais entre os países e provocou uma alta generalizada nos preços.

A soma desses fatores contribuiu para que a inflação acumulada nos EUA chegasse a 9,06% em meados de 2022, a maior taxa inflacionária do país nos últimos 40 anos. Com isso, o Fed deu início a um ciclo de alta nos juros, que passaram por 11 aumentos consecutivos entre 2022 e 2023.

Em setembro de 2023, os juros estadunidenses estavam entre 5,25% e 5,50% ao ano, um dos níveis mais altos desde 1994. A proposta do órgão era trazer a inflação para a meta de 2%. Naquele período, nada indicava uma redução dos juros americanos, ao menos, no curto prazo.

Quais os impactos desse movimento nos investimentos?

Depois de saber o que motivou a elevação das taxas de juros nos EUA, chegou o momento de aprender quais são os impactos desses movimentos nos investimentos. Como você viu, os EUA são a maior economia global, logo, eles possuem os títulos públicos mais seguros do mercado.

Acontece que a rentabilidade dessas aplicações costuma acompanhar as taxas de juros do país. Nesse contexto, o aumento dos juros resulta em um retorno mais atrativo. A junção da remuneração elevada com a segurança oferecida chama a atenção de investidores em escala global.

Então é comum que eles retirem o seu capital de mercados de economias emergentes — como a brasileira — em busca de retornos mais favoráveis nos EUA. A saída do dinheiro estrangeiro desses países costuma pressionar as moedas locais e aumentar o custo do crédito.

Isso também pode levar à queda nos preços das ações e perdas generalizadas para investimentos locais. Afinal, muitas empresas brasileiras têm o seu faturamento ou endividamento ligados ao dólar americano, que passa por volatilidade com essas movimentações.

Para evitar grandes prejuízos na renda variável, é comum os investidores buscarem alternativas de renda fixa. O giro do capital entre o mercado nacional e internacional, bem como entre investimentos de renda fixa e variável, trazem oportunidades para todos os perfis.

Como se proteger nesse cenário?

Agora que você entende como os seus investimentos podem ser impactados com as movimentações dos juros nos EUA, é importante saber como se proteger nesse cenário. Uma das principais estratégias usadas para proteção de um investimento ou portfólio é a dolarização.

A medida é capaz de neutralizar a volatilidade da moeda brasileira frente ao dólar, que é comum diante do aumento das taxas de juros americanas. Assim, eventuais perdas realizadas no mercado nacional poderão ser atenuadas com os ganhos com a valorização da moeda americana.

Entretanto, isso nem sempre significa comprar dólar em espécie, já que os custos dessa operação tendem a ser elevados. Na verdade, a dolarização envolve a alocação de parte do seu capital em ativos atrelados ao dólar, seja por meio de investimentos no mercado internacional ou nacional.

No âmbito internacional, existe a possibilidade de investir em:

  • Treasuries (títulos públicos);
  • Bonds (títulos privados);
  • Stocks (ações);
  • REITs (fundos imobiliários americanos);
  • ETFs (fundos de índice).

Já no mercado nacional, o investidor pode investir em ativos expostos ao dólar, como:

  • Fundos internacionais;
  • Fundos cambiais;
  • ETFs ligados a índices internacionais;
  • Ações de companhias com receitas em dólar;
  • BDRs (Brazilian Depositary Receipts).

Vale dizer que a dolarização no mercado nacional não requer conversão de moeda, uma vez que os ativos são comprados e vendidos em reais. Também não é necessário a abertura de uma conta no exterior, nem arcar com os custos de sua manutenção.

Contudo, a escolha entre a dolarização internacional ou nacional deve considerar as oportunidades disponíveis, os riscos, além do seu perfil de investidor e objetivos. A análise desses fatores é essencial para tomar decisões que estejam alinhadas às suas preferências e necessidades.

Conclusão

Neste conteúdo, você entendeu o que motivou a alta das taxas de juros nos EUA e como se proteger desses movimentos. Então não deixe de usar o conhecimento para planejar seus investimentos e dolarizar a sua carteira, se entender que essa estratégia faz sentido no seu caso.

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