Marcação a mercado: o que é e como funciona?
A renda fixa é uma classe de investimentos conhecida por sua previsibilidade de ganhos: o investidor sabe, previamente, como se dará sua rentabilidade. Mas você sabia que há oscilações nos preços dos títulos e, consequentemente, nos resultados de um investimento? Isso acontece por conta da marcação a mercado.
Para evitar perdas, é importante entender como a marcação a mercado funciona, quando ela se apresenta ao investidor e suas principais regras. Assim, você poderá planejar melhor os seus aportes e a composição da sua carteira de investimentos.
Ficou interessado? Nesse texto você conhecerá a marcação a mercado e seus impactos, além de saber como se proteger desse fenômeno.
Continue a leitura!
O que é marcação a mercado?
A marcação a mercado é um conceito que se aplica, principalmente à renda fixa, mas também há reflexos na renda variável. Ela ocorre por conta da oferta e demanda em relação aos investimentos e as expectativas de oscilações na política econômica e monetária.
Baseada nesses fatores, a marcação a mercado é o nome que se dá ao mecanismo de variação de preços em títulos de renda fixa e outros ativos. Dessa forma, ela atua como um fator que atualiza cotações de um ativo ou produto no mercado — de acordo com a procura no mercado ou movimentações econômicas, como na curva de juros.
Na renda fixa, as mudanças nos preços ocorrem diariamente, até o prazo final do título. Então, quando você estiver avaliando um título com liquidez diária, por exemplo, fique atento para saber se há exposição à marcação a mercado. Se existir, a rentabilidade contratada só é garantida no prazo de vencimento.
Como funciona esse movimento?
Você entendeu que a marcação a mercado é um mecanismo que define preços diários de títulos e ativos. Mas, como funciona essa movimentação de preços para os investidores?
Entenda os principais pontos!
Rentabilidade da renda fixa
Para compreender essa questão, você deve saber como funciona a rentabilidade em títulos de renda fixa, nos quais a marcação a mercado tem maior relevância. Nessa classe de investimentos, a principal característica é a previsibilidade em relação aos ganhos.
Desde o momento do aporte, você saberá quanto o seu título renderá ou, pelo menos, qual é a lógica de cálculo dessa rentabilidade. Há três formas de ganhos:
- prefixados: nessa categoria, a rentabilidade acompanha um percentual fixo, trazendo alta previsibilidade aos investidores;
- pós-fixados: nesse caso, os ganhos são atrelados a um indexador, como a taxa Selic ou o certificado de depósitos interbancários (CDI);
- híbridos: títulos híbridos são aqueles nos quais a rentabilidade une características das duas anteriores. Desse modo, ela acompanha um indexador somado a uma taxa prefixada.
Garantia de rentabilidade
Apesar de previsível, a rentabilidade da renda fixa, muitas vezes, só é garantida quando os títulos são levados até o vencimento. Logo, a marcação a mercado é aplicada caso haja um resgate antecipado. Ou seja, na venda do título antes de seu prazo final.
A depender de como as expectativas do mercado estão no momento, os preços dos títulos podem variar para cima ou para baixo. Isso ocorre por conta da atualização do valor presente dos investimentos, tendo em vista que eles têm um resgate fixo no futuro.
Dessa maneira, você pode imaginar a rentabilidade dos títulos de renda fixa em um gráfico. O resultado será sempre os ganhos combinados ao final do prazo. Contudo, entre o investimento e o resgate, a linha oscila conforme as condições do mercado.
Portanto, ao se desfazer do título de renda fixa sujeito à marcação a mercado nesse meio tempo, você estará sujeito a esse movimento. Assim, sua aplicação pode estar valendo mais ou menos do que o investimento inicial.
Os resultados na venda antecipada, então, podem ser diferentes da rentabilidade esperada ao vencimento de um título de renda fixa.
Quais os impactos da marcação a mercado na renda fixa?
Após compreender esses aspectos da marcação a mercado, fica mais fácil entender seus impactos na renda fixa. Com isso, imagine o seguinte exemplo: você aplicou em um título público prefixado com uma rentabilidade de 10% ao ano e prazo de vencimento em 5 anos.
Esses títulos públicos são calculados conforme o seu valor final — que, no caso, será de R$ 1.000. Comprando um título com essas características, você precisaria investir R$ 620,92 para resgatar R$ 1.000 no vencimento.
Mas, como você viu, a rentabilidade só está garantida se o investimento for levado até o prazo final. Assim, se você resolver realizar um resgate antecipado, estará sujeito à marcação a mercado.
Então considere que você decidiu efetuar o resgate após um ano. Se a sua rentabilidade estivesse garantida, sem marcação a mercado, seu título estaria valendo R$ 683,01. Esse é o chamado preço na curva. Contudo, por variações do mercado, imagine que os títulos públicos estão sendo negociados com uma rentabilidade de 9% ao ano.
Nesse caso, trazendo o valor presente do investimento para essas condições, o seu título estaria valendo R$ 708,43. Isso acontece porque, com uma rentabilidade de 9% e 4 anos até o vencimento, esse é o montante a ser investido para resgatar R$ 1.000 no prazo final.
Dessa forma, a marcação a mercado trouxe um ganho de R$ 25,42 em relação à projeção para o período. Contudo, o inverso também é possível. Ou seja, se os títulos públicos fossem negociados a 11% ao ano, você resgataria um valor de R$ 658,73 — resultando em um prejuízo de R$ 24,28, nesse exemplo hipotético.
Existem impactos na renda variável?
A marcação a mercado também pode afetar investimentos de renda variável. Nesse contexto, a principal atenção se dá às cotas de determinados fundos de investimento. Como elas representam uma parcela do patrimônio do fundo, podem estar sujeitas à marcação a mercado.
A cotação utiliza informações do preço médio dos ativos que compõem o patrimônio do fundo. Com isso, os preços variam diariamente, ainda que a rentabilidade do fundo seja calculada mês a mês. Essa dinâmica, portanto, pode resultar em oscilações nos preços das cotas ao longo do tempo.
Como se proteger da marcação a mercado?
Agora que você já sabe o que é a marcação a mercado e como ela funciona, pode estar interessado em entender como se proteger desse movimento. Aqui, a principal dica é ter um planejamento financeiro e uma estratégia de investimentos que permita o resgate dos seus investimentos somente no vencimento do título.
Para a renda variável, é importante considerar o prazo de alocação — evitando o resgate dos investimentos antes do esperado. Dessa forma, há mais espaço para a maturação dos investimentos e a diluição dos riscos no tempo.
Já se você estiver buscando um investimento de alta liquidez e segurança, é possível escolher títulos e outros investimentos menos sujeitos à marcação a mercado. O principal exemplo é o Tesouro Selic, que é pós-fixado, permite o resgate a qualquer momento e tem baixa exposição a esse movimento.
Agora você já sabe o que é a marcação a mercado e como ela funciona! Com essas informações, é possível montar uma estratégia que considere esse fator, adequando os prazos dos seus investimentos e montando um portfólio de investimentos mais robusto e seguro.
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